Notas
Esse texto
chinês utilizado para a tradução é uma edição realizada em uma talha de madeira
da dinastia Ch’ing que incorpora correções de erros óbvios do copista na edição
normal do Tripitaka da dinastia Ming. Acrescentei algumas correções
necessárias, baseadas principalmente em variações textuais encontradas nas
versões de Tun-huang, que podem ser consultadas na obra do Dr. Suzuki (Shoshitsu
isho oyobi kaisetsu (obras perdidas de Bodhidharma). Uma tradução inglesa
anterior da Meditação sobre as quatro ações (da transmissão da
lâmpada) aparece no Manual do budismo Zen, também de Suzuki. […]
1. Caminho.
Quando o budismo foi para a China, a palavra Tao era usada para traduzir Dharma
e Bodhi. Em parte isso deveu-se por que o budismo foi visto como uma versão
estrangeira do taoísmo. Em seu “Sermão do Ciclo da Vida”, Bodhidharma diz: “O
Caminho é zen”.
2. Parede.
Depois de chegar à China, Bodhidharma passou nove anos em meditação em frente à
parede de uma caverna próxima ao Templo de Shaolin. A parede do vazio de
Bodhidharma liga todos os opostos, incluindo eu e o outro, mortal e sábio.
3. Quatro
práticas. São uma variação das quatro nobres verdades: toda existência é
marcada por sofrimento; o sofrimento tem uma causa; a causa pode terminar; e o
caminho para terminá-la é o óctuplo caminho da visão correta, pensamento
correto, fala correta, ação correta, modo de vida correto, devoção correta,
atenção correta e zen correto.
4. Calamidade e
Prosperidade. Duas deusas, responsáveis por má e boa sorte, respectivamente.
Elas aparecem no capítulo doze do Sutra do Nirvana.
5. Três reinos.
O equivalente psicológico budista do mundo cosmológico triplo bramânico de
bhurm, bhuvah e svar, ou terra, atmosfera e céu. O mundo triplo budista inclui
kamadhatu, ou o reino do desejo – os infernos, os quatro continentes do mundo
humano e animal, e os seis paraísos do prazer; rupadhatu, ou o reino da forma –
e arupadhatu, da não forma os quatro paraísos da meditação; Juntos, os três
reinos constituem os limites da existência. No capítulo três do Sutra do Lótus
os três reinos são representados como uma casa em chamas.
6. Dharma. A
palavra sânscrita Dharma vem de dhri, que significa pegar, e refere-se a
qualquer coisa que precisa ser “pega” para ser real, tanto num sentido
provisório como derradeiro. Portanto, a palavra pode significar coisa,
ensinamento ou realidade.
7. Seis
virtudes. Os Paramitas, ou meios de transporte para a outra margem:
generosidade, moralidade, paciência, devoção, meditação, e sabedoria. Todos os
seis devem ser praticados com desapego dos conceitos de ator, ação e
beneficiário.
8. Mente. Um verso
do Avatamsaka Sutra é parafraseado aqui: “Os três reinos são somente uma
mente”. O Sexto Patriarca zen, Hui-Neng, distingue mente como o reino e
natureza como o senhor.